Origem: Estados Unidos
Gêneros: R&B, Pop, Eletrônica
Gravadora: RCA
Chris Brown: para alguns um cantor que sempre quis ser o Usher, para outros um talentoso ídolo, para outros um animal que bate em mulher e para mim um palavrão tão feio quanto comparar sua mãe com uma bela égua. Meus problemas com Brown vão além da surra que ele deu em Rihanna. Sua música é terrível, ele como cantor é um bom dançarino, suas letras são ridículas de tão ruim e sua atitude e personalidade são fracas e estúpidas. Sem falar que Chris Brown é o Justin Bieber da geração passada: uma criança agindo como um “loverboy” adulto, mas não tem idade, estilo, atitude e, principalmente, carisma para falar sobre temas românticos da maneira como ele falava, quando na verdade não tinha nem idade para isso. Seria como pedir para a Sandy e o Júnior falassem sobre amor na época em que eles cantavam “O Universo Precisa de Vocês (Power Rangers)”. E olha quando eu falo na falta de atitude de Brown e Bieber, falo que era tão baixa (e continua para Bieber) que Willow Smith tem mais atitude em seus 9 anos com “Whip My Hair” (uma péssima música) do que Bieber tem e Brown tinha. Tinha, pois a atual atitude de Brown chega a ser desrespeitosa para mim, tanto pessoalmente quanto artisticamente. Mas acho que está na hora de conferir o disco: O disco é bom ou ruim? Sim, por mais que eu sinta apatia pela pessoa, eu posso gostar do artista, certo?
Antes de mais nada: Fortune tem auto-tune. Não é nada tão prejudicial como em alguns discos que eu ouvi recentemente (Some Nights do fun. é um grande exemplo), mas é desnecessário e faz com que Brown tenha ainda menos personalidade, deixando muito mais aquém do esperado. Não acrescenta nada como acrescenta para T-Pain e Ke$ha, apenas remove o pouco do que temos. É notável que o álbum tem elementos de música eletrônica, mas o auto-tune deve ser muito bem usado, ou podemos ter um certo desastre sonoro. Chris Brown teve uma boa produção nesse quesito, mas não ao ponto desse plugin (sim, auto-tune é um plugin, não um software) ajudar em alguma coisa. As vezes até prejudica a audição do álbum como em “Biggest Fan” e em “Don’t Wake Me Up”: é irritante e cansativo ouvir gritinhos de Brown com esse efeito terrível. Mas eu particularmente não tenho problemas com auto-tune, desde que você use e deixe as coisas melhores, não um efeito desnecessário.
Começamos com uma típica música de balada. E não, não é uma balada estilo “Is This Love” do Whitesnake, e sim uma balada de festa. “Turn Up The Music” é o tipo de música que você já está cansado de ouvir antes mesmo de ouvir. Flo Rida, Pitbull, LMFAO, Black Eyed Peas, Lady Gaga, Ke$ha e Enrique Iglesias (até ele!) já fizeram e/ou ainda fazem esse tipo de música. A indústria da música já está cansada das mesmas ideias de “sair para festa e curtir o máximo dela”. Seus timbres me desagradam bastante e as batidas são um pouco irritantes. Mas o que pode se dizer de positivo para “Turn Up The Music”? Certamente é bem produzida e é o tipo de música que você quer ouvir em uma festa pop, eletrônica e até “neutra”. E quando me refiro a “neutra” me refiro a algo “eclético”, em aspas mesmo. Você quer ouvir um tipo de música que você possa curtir com seus amigos sem se importar com que está fazendo, deixando a música alta tocar, mas sem exageros. “Turn Up The Music” é exatamente isso. Não é extrema como “Tik Tok” da Ke$ha, nem entediante como “Tonight, Tonight” da banda Hot Chelle Rae. Inicia o álbum de maneira saudável, se assim posso dizer.
A próxima música é “Bassline” e eu te garanto desde já: é uma das piores músicas que eu ouvi e ouvirei esse ano. A batida eletrônica quase dubstep é terrível, sem falar que o refrão tem essa metáfora horrível: “Girls like my (bassline)”, sendo a parte em parênteses com uma voz robótica. Se você soubesse o suficiente de Inglês, saberia que quando é mencionado o termo “Bassline”, Brown se refere aquela metáfora americana para sexo: First Base (primeira base), Second Base (segunda base) e assim vai… E se entendeu o que ele quis dizer com “Bassline”, então percebeu que “as garotas gostam da base de Chris Brown”, ou seja, gostam de transar com ele. Se eu lesse isso provavelmente acharia engraçado e até inteligente, mas a maneira que Brown se impõe com a frase, com uma arrogância e ego gigante, chega a me dar raiva e nojo. E o pior de tudo é que isso é bom para ele. Difícil de explicar o porque, mas esse era o objetivo dele em “Bassline”, pelo menos é que o homem quis passar em minha opinião, e ele conseguiu. Palmas para ele. Receberia um assobio se a música fosse boa, mas não é, então vamos seguir para a próxima faixa.
A próxima música inicia eletronicamente terrível, se é que isso existe. “Till I Die” tem participação especial de Big Sean e de Wiz Khalifa onde temos uma terrível escolha de timbres seguida por versos terríveis dos rappers convidados, principalmente de Wiz Khalifa, um rapper genérico que só fala coisas genéricas dos atuais rappers, como quantas mulheres consegue ou quão foda é. A única grande diferença entre Wiz Khalifa e o restante é que o rapper citado faz questão em mencionar em qualquer música que esteja fazendo, seja sua ou em participação especial, que “seus carros funcionam apertando um botão”, vide a música de sua autoria “Black and Yellow”, uma música que supostamente fala sobre Pittsburgh e o time de futebol americano Pittsburgh Steelers, e “Payphone” do Maroon 5, onde ele deveria falar sobre um fim de relacionamento. Mas como o próprio Wiz fala no primeiro verso de “Payphone”, “Fuck that shit”, pois o que importa são seus carros que ligam com um botão, nos quais são mais fáceis de serem roubados. Em resumo, outra música ruim desse disco.
“Mirage” começa como música de “gangstar rapper”, daqueles que querem intimidar qualquer um que passar por seu caminho. Brown não tem carisma nem voz para fazer isso, e o auto-tune piora ainda mais, deixando essa faixa ainda mais fraca. Tem a participação de Nas, que sinceramente não acho importante e até desnecessária. Depois de “Mirage” temos “Don’t Judge Me”, uma balada onde Chris Brown pede para não ser julgado. Na música anterior você passou uma atmosfera de que é o cara perigoso e malvado, agora nessa você pede para não te julgarem, ainda mais depois de você quase arrebentar a Rihanna. Eu prefiro te julgar, assim como eu julgo Enrique Iglesias após a música “Tonight (I’m Fuckin’ You)”. Questão de segurança mesmo. A música em si é chatinha e entediante, mas não tanto quanto a próxima, “2012”, onde você já deve imaginar o que deve acontecer envolvendo uma faixa com esse título, só que com teor erótico. Sim, o mundo está acabando e Brown quer fazer sexo com a garota, e da maneira mais romântica possível. E outra balada é “Biggest Fan”, onde não acrescenta nada ao álbum. Não é tão ruim como “2012”, mas é igualmente chata como “Don’t Judge Me”. E são três baladas seguidas! Decaiu totalmente a atmosfera eletrônica de diversão que iniciou o álbum que se transformou em uma tentativa falha de ser gangstar e agora virou essa “coisa melosa”.
Em “Sweet Love” temos a junção das duas atmosferas anteriores: a de gangstar e a melosa. Mas a de gangstar é só na introdução. Em outras palavras, nós temos quatro baladas seguidas. Eu sei que Brown é um cantor de R&B, um gênero onde temos muitas músicas assim. O problema é que não está estruturado da maneira correta. Eu não teria um grande problema se “Turn Up The Music” fosse seguida por essas quatro baladas, mas a atmosfera criada pelas faixas posteriores a faixa inicial é totalmente fora do lugar. É como se dois artistas tivessem dividindo um único lançamento. E em “Strip” tenho ainda mais essa certeza. Uma música mais animada, porém ainda tem aquele jeitinho meloso do R&B. Tem a participação especial de Kevin McCall, que pelo menos entende a temática da música, da maneira mais grosseira possível. E qual o problema de Chris Brown querer ficar pelado com a garota? É o segundo refrão onde o rapaz pede para ficar pelado com a moça. Que vício em sexo é esse, meu rapaz? Está precisando de um tratamento, e dos bons.
Ainda temos outras canções estúpidas, fracas, ruins, ou como queira dizer, com destaque para “Party Hard / Cadillac [Interlude]”, onde temos uma música e uma introdução para outra música, e a transição fica percebível, não fazendo sentido algum. Isso seria “bom” se ela fosse a última faixa e esse interlúdio fosse o fim do álbum, uma faixa escondida, mas mesmo assim, as batidas das partes são genéricas e fracas. E para encerrar temos a esquisita “Trumpet Lights”, uma música totalmente eletrônica, onde o auto-tune em Brown é extremamente irritante, a batida é como se houvesse uma nova mixagem para os efeitos sonoros do famoso jogo Pac-Man, até chegarmos ao pré-refrão cantado por Sabrina Antoinette seguido por um refrão “bem bacana”, com Brown e sua “batida” martelando sua cabeça repetidas vezes. Se ao fim desse álbum você não teve uma dor de cabeça, você é um grande guerreiro e deveria sempre estar peleando em guerras.
Fortune é um álbum horrível, com grandes chances de receber o prêmio de pior disco do ano. E se não fosse a produção feita para esse álbum, poderia ser um dos piores da década ou do século. É o álbum para você, fã de Chris Brown, que quer pelado(a) com ele e fazer sexo, mas muito sexo, com uma terrível música de fundo, sendo bizarra ou esquecível. Nem todas as canções são bizarras, mas todas são esquecíveis. O mais próximo de ser memorável é o refrão de “Bassline”, e não porque é grudento, mas porque me irritou, e muito. Fortune não é um álbum recomendado para qualquer um, aliás, para ninguém. Todos devem ficar longe dele. E não digo isso porque eu odeio a música Pop atual ou simplesmente odeio Chris Brown como pessoa. Eu digo isso porque eu odeio o álbum Fortune. Se você quiser ouvir, ouça para comprovar o quão ruim é o quinto disco desse cantor de R&B que sempre quis ser o novo Usher, mas nunca teve o talento ou o carisma para isso. E por falar nisso, se você quiser ouvir R&B ouça Usher ou qualquer outro cantor dentro do gênero, menos Chris Brown. É para seu próprio bem.