U2 – No Line On The Horizon (2009)

Origem: Irlanda
Gêneros: Pop Rock, Rock Experimental
Gravadoras: Mercury, Island, Interscope

Até então ultimo album da banda irlandesa de maior sucesso, o U2, No Line On The Horizon foi o responsável para que a grandiosa “360º Tour” acontecesse. E os irlandeses trabalharam no álbum desde 2006 e gravaram até em Marrocos (da onde vem o nome Fez, uma cidade marroquina e também o nome da introdução de uma canção do disco, Being Born), então a ansiedade para muitos foi grande, e todos esperavam um grande trabalho, e também teve a promessa dos integrantes de fazer um som mais experimental, lembrando um pouco Achtung Baby, talvez o rock fosse deixado de lado um pouco.

Começamos com a faixa-título, e já podemos sentir o clima que o álbum te levará, viajante, mas nem tanto (mesmo assim a sensação é boa), e com os destaques sendo a voz de Bono e a bateria de Larry Mullen Jr. A primeira faixa abre bem o CD, seguimos com ‘Magnificent’, essa mais experimental que a faixa-título, com influências eletrônicas mais visíveis, as famosas “batidas” também estão presentes. Outra boa faixa, que dá a entender que No Line On The Horizon se tornou sim um álbum experimental (a banda disse que não ficou tão experimental quanto eles queriam), mas a idéia é parecida com Achtung Baby (álbum de 1991 do U2) só que não tão viajante quanto o lançamento anterior, mas tem pontos que superam Achtung (sem comparar extremamente um CD com o outro), e que é aonde o lançamento de 2009 se baseia: na voz de Bono. Talvez não fizeram um álbum vidrado nisso, mas sem dúvidas Bono é o grande destaque, como tá cantando esse cara!

A terceira faixa é a mais comprida com 7:24, e uma das melhores do álbum (levando para o pessoal: A melhor do álbum). ‘Moment Of Surrender’ possui uma letra que cada vez mais se torna raro de se ver, aparentemente fala de “se render a Deus”. O feeling da canção é interessante, e mesmo a música não mudando entre seus 7 minutos o clima é agradável e não cansa o ouvinte. Para fechar o quarteto de boas vindas ao CD temos ‘Unknown Caller’, outra boa canção, o experimentalismo está presente mas a “veia do rock” na guitarra de The Edge também aparece em um bom solo. Seguimos com a “fofa” e puxada para o lado pop ‘I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight’, canção também boa, cativante até, puxa muito para o lado meloso, mas não deixa de ser boa. A sexta faixa é o prmeiro single do CD, a famosa ‘Get On Your Boots’, e posso dizer com certa firmeza: é a pior música do álbum. Se essa for a canção que você se espelha quando pensa no “novo” U2, está equivocado e convidado para ouvir No Line On The Horizon, ‘Get On Your Boots’ certamente é a mais chata do registro de 2009. E uma faixa que seria um ótimo “boas vindas” (vulgo primeiro single) do disco é a seguinte de ‘Get On Your Boots’, ‘Stand Up Comedy’. A sétima faixa é no mesmo estilo de ‘Get On Your Boots’, mas os arranjos são melhores, mais suaves e inspiradores. Ainda continuo não gostando tanto desse estilo de canções do U2, mas certamente é uma boa canção.

A já citada ‘Fez/Being Born’ é a próxima. Adoro a introdução ‘Fez’, podemos ouvir uma parte de ‘Get On Your Boots’ nela, e dá uma impressão agradável da cidade marroquina. ‘Being Born’ segue a “viajem” de ‘Fez’. Os agudos de Bono junto com o feeling relaxante são os destaques de ‘Fez/Being Born’, uma das melhores do disco. Agora entramos no “trio de despedida”, as 3  últimas faixas tem um clima sensacional de uma despedida, a primeira das 3 é ‘White As Snow’, a fantástica ‘White As Snow’, nada espetacular instrumentalmente, mas aqui o que importa são duas coisas: a voz de Bono e o feeling/clima. E White As Snow mescla esses dois fatores muito bem, uma ótima canção arrastada. Seguindo temos ‘Breathe’, incrível como que mesmo sendo animada ela se encaixa nesse “conceito” de “estou indo embora”. Apenas por ela ser uma das três últimas e que se encaixam lindamente, não colocaria ‘Breathe’ como primeira e principal single, porque merecer, merece! A décima primeira e última faixa é ‘Cedars Of Lebanon’, e ela não é uma faixa ruim, mas esse final dela não me cai, acaba muito “duro e seco”, ainda mais para o final do álbum.

No Line On The Horizon não chega a ser uma viajem daquelas psicodélicas, nem uma viagem em nível Achtung Baby, na verdade ao passar das audições, se você não prestar atenção o disco se torna até meio sem graça e enjoado. Isso é bom, um alerta dizendo que quando você ouve música, não pode ser apenas para o seu passa-tempo ou como se fosse a televisão ligada que você apenas liga e nem sabe o que está passando, preste atenção e pare de reclamar que não se faz música que nem antigamente, tem muita coisa boa hoje em dia, mas se for preguiçoso e sem atenção você nunca saberá e apreciará isso. Com atenção (e com audições extras, U2 no geral sempre precisará de audições extras) No Line On The Horizon se torna um grande álbum, dá para viciar nele facilmente, não é o melhor registro do U2, mas vale a pena dá uma conferida!

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Cine – Boombox Arcade (2011)

Origem: Brasil
Gênero: Electropop
Gravadoras: Mercury, Universal Music

Podemos fazer a análise deste disco em poucas palavras. A “banda” Cine, formado por Diego Silveira nos vocais, que é quase nulo de tanto autotune em  todas as faixas do disco, Bruno Prado, Danilo Valbuesa, David Casali e Pedro Caropreso, completando a orquestra sinfônica dos clichês. Todas as penosas 14 faixas do álbum seguem o mesmo estilo, uma batida bem alto na fundo, alguns fades e efeitos sonoros, o quê faz parecer que não existe uma banda, e sim um simples computador e um DJ que fazem tudo. Além disso, eles seguem o estereótipo americano de por partes ou frases em inglês, em passagens rápidas ou até mesmo no título da música. Desculpem-me fãs de música eletrônica ou coisa do gênero, mas não consigo ver este estilo como música. Boombox Arcade é um CD não de uma banda, mas sim de um produto, feito por empresários ricos para atingir a fase da vida chamada “Pai, Mãe, me dá isso, me dá aquilo.” A prova disso, que é algo que está ultrapassando todos os limites da sã consciência, chega a comentários como esse, no vídeo da banda no Youtube:

Mae compra o CD BOMBOX ARCADE pra mim. Pleease é só 39,90 no extra….se ela nao compra vou cortar meus pulsos porq sem CINE nao da pra viver….

Este produto é algo extremamente inteligente por parte dos empresários, e uma vergonha musical para o Brasil, que já foi terra de grandes cantores e artistas.

Nota: 

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Rush – Hemispheres (1978)

Origem: Canadá
Gêneros: Rock Progressivo, Hard Rock
Gravadoras: Anthem, Mercury

A lendária banda do Canadá, Rush, sempre foi do tipo “8 ou 80”, “ame ou odeie” e estas coisas do tipo. Uma das melhores bandas do Rock (o que não é unânime) possui composições complexas, longas, com temas científicos e virtuosas canções afastam pessoas desacostumadas a sonoridade do trio composto por grandes músicos, como Geddy Lee (vocalista, baixista e tecladista), Alex Lifeson (guitarrista e vocais de apoio) e Neil Peart (baterista e percussionista), principalmente por causa do vocalista, Geddy Lee. Sua voz quando mais novo era um Robert Plant cantando em tom nasal, ou seja, agudos que alguns facilmente iriam rejeitar, e que o decorrer do tempo ela foi mudando, para o bem de alguns e mal de quem gosta de ouvir a voz de Lee com total potência, e como Hemispheres, sexto disco da banda e o primeiro que será tratado aqui, é da época que o homem ainda tinha sua força total. Mas o baixista estranhamente encaixa na proposta do grupo e ver a banda sem ele é como ver televisão sem ter um controle remoto, ou seja, sempre terá aquela incomodo e aquela falta de costume com outra voz, já que a voz de Geddy Lee já virou caricata. Agora, vamos ao que realmente importa para nós, que é a música, certo? Se quiser confirmar, confira no fim desta resenha as canções, diretas do nosso grande amigo, o YouTube.

O álbum começa com “Cygnus X-1 Book II: Hemispheres”. Uma faixa épica de 18 minutos, que preenche todo o primeiro do LP. É considerada uma das melhores canções do Rock Progressivo por vários críticos e não é à toa. Música cheia de versatilidade, esta possui riffs hipnóticos e majestosos (para não dizer viciantes), solos de baixo e de guitarra encantadores, uma linha de bateria espetacular, retorno a temas da canção com classe, energia, virtuosismo… É uma viagem com mistura impressionante e equilibrada entre o Hard Rock e o Progressivo. E mesmo pela duração e retorno a temas, ela não cansa e continua imprevisível e até seus 12 minutos de duração ela é passageira e a única grande alteração na faixa é a passagem posterior aos 12 minutos iniciais até metade dos 14 minutos, soando bem dramática, até voltar ao som cheio de vida do grupo, que continua até encerrar a música em um momento acústico. Um excelente começo para o disco. A faixa mais curta é a próxima, “Circumstances”, com 3 minutos e 41 segundos, é começa o segundo lado do LP bem Hard Rock, mas sem ser aquela coisa melada de costume. Ela é mais direta e mais fácil para absorver do que a faixa épica. Ótimos riffs de Alex e como sempre, Geddy Lee solando com maestria em seu baixo.

Em “The Trees”, com quase 5 minutos de duração, ela começa acústica. Ela seria bacana para começar o segundo lado LP, por começar acústica e “Cygnus X-1 Book II: Hemispheres” terminar acústica, mas isso não altera nenhum pouco a qualidade, pois são apenas detalhes. Voltando a terceira faixa, ela após essa introdução, cresce e vira um Rock bem bacana, tendo até um solo de teclado, no meio da faixa. Uma linha de baixo e bateria marcantes aliados ao solo de guitarra demonstram uma boa canção que com seu decorrer fica ainda melhor, mostrando uma criatividade e talento imensos. Outra ótima faixa. Para encerrar, uma faixa instrumental. “La Villa Strangiato”, de 9 minutos e meio, começa acústica (e de maneira espetacular) e então somos levados por sons de guitarra leves, um teclado muito estranho e pelos pratos da bateria, até começar a progredir com um baixo muito presente, riffs de guitarra empolgantes e uma bateria bem participativa. Infelizmente não é uma “YYZ” faixa instrumental de Moving Pictures, mas ainda é uma excelente música, e que em sua metade possui um lindíssimo solo por Alex, que se te arrancar lágrimas, será aceitável. Solo virtuoso, porém com um sentimento sensacional, uma emoção incomum. É em “La Villa Strangiato” que temos momentos mais pesados do disco, e também o melhor solo de baixo, além de a bateria Neil ser totalmente imprevisível. Com o decorrer, Alex sola o tema da canção e fica muito bom. Após uma seção incrível e maníaca instrumental, somos entregues ao fim de 36 minutos deste sensacional LP de uma maneira maluca, porém muito bem vinda.

Para concluir esta resenha, o trio canadense fez uma grande obra e que pode ser considerada prima com facilidade. Hemispheres é um álbum que você tem que ter em sua coleção a todo custo se você tem bom gosto. Se você nunca escutou Rush, saiba que você está perdendo muita criatividade e música de qualidade. Claro, isso irá requer audições extras, que no fim de tudo serão muito, mas muito recompensadores, já que a banda é do tipo “quanto mais se ouve, mais se gosta”. Então não fique aí esperando o tempo passar e vá logo ouvir esse clássico que eu recomendo a todos que querem algo diferente e querem sair do marasmo da zona de conforto.

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